Bob Marley, Rio de Janeiro, Chico Buarque e o Futebol

Por Jean Sampaio

Para introduzir Bob Marley seria quase uma heresia não começar com uma das músicas mais icônicas do rei do Reggae.

Faço um convite aos leitores para que leiam este texto com essa maravilhosa trilha sonora de fundo.

Is this love é um single lançado em 1978 e faz parte do álbum Kaya. A música retrata uma angústia do compositor pré-pedido de casamento.

“Is this love, is this love, is this love
Is this love that I’m feelling’?
Is this love, is this love, is this love
Is this love that I’m feeling’?”

Marley expressa, em cada álbum, uma sonoridade incrível. Frases e melodias que parecem encaixar como um belo drible em uma partida de futebol, em milésimo de segundos você é envolvido por uma batida única que termina no êxtase de um gol bonito.

Agora o porquê do paralelo entre futebol e Bob?

pq?

“Da vida aprendi que devemos sofrer pelo futebol, e não por amor”

Já que o rei mandou, vamos falar do que devemos sofrer na vida, o futebol:

Uma das muitas fotos do seu acervo pessoal diz muito:

Futebol

Desfilando com os seus dreadlocks mundo afora, Bob era apaixonado pelo esporte bretão. Paixão que pode ser atribuída a sua genética, afinal, o pai era britânico. Não é difícil encontrar pela internet um acervo de fotos do cantor batendo uma bolinha, sempre muito habilidoso com a sua perna canhota. Há boatos que um dos pré-requisitos para assinar uma turnê era que teria fácil acesso a um campo de futebol.

A “turnê” pelo País do Futebol

Por uma mera obra do destino, em 1980, o jamaicano desembarcou no país do futebol, mais especificamente em terras cariocas. No auge da sua carreira o convite veio de uma gravadora internacional que abriria sua sede no país. A curiosidade da vinda do cantor para o Brasil é que ele foi proibido de cantar, a polícia brasileira não liberou o visto de trabalho e o único palco que ele desfilou os dreads foi no campo do Politheama.

Fã declarado da seleção Brasileira, era óbvio que ele não deixaria de bater uma bolinha por aqui. O encarregado por levar Bob aos campos, foi nada mais nada menos que tri-campeão brasileiro, Paulo César Cajú. O campo escolhido foi a “casa” do time de pelada de Chico Buarque Holanda, sim, um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira e apaixonado por futebol.

O dueto com Chico Buarque

Bob Marley e Chico

Imagine um dueto entre Chico Buarque e Bob Marley. O Rei do Reggae junto com um dos compositores mais renomados do Brasil, no mesmo palco. Meus amigos, isso aconteceu!

Não foi muito bem onde imaginávamos. O palco escolhido, para o dueto, foi o campo de pelada do Politheama, o time do compositor brasileiro e de outros artistas.

Segue a escalação “galática” do jogo: Bob Marley, Junior Marvin (guitarrista dos Wailers), Jacob Miller (guitarrista do Inner Circle), Toquinho e Chico Buarque, além de Caju e João Luís Albuquerque, do outro lado da marca estavam Alceu Valença e os funcionários da gravadora.

Escalação

O jogo terminou 3x0 para o time do astro do reggae, com um gol dele, um gol de Cajú e outro de Chico. O entrosamento não veio na música, mas veio dentro de um palco que divide paixões pelo mundo, O Futebol.

A passagem pelo Rio foi tão curta que, o único palco que ele tocou(a bola) foi no campo do Politheama. Uma pena que o dueto ficou apenas nos campos, mas deixo uma influência do Bob na nossa música brasileira para finalizar este texto.

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