Jah Rastafari, Dreadlocks e a Erva Como Sacramento Divino

Por Jean Sampaio

Para muitos uma doutrina, para outros religão, para Bob Marley um modelo de vida. Modelo que guiou a vida do astro dos seus 18 anos até o final da sua vida. Além de Rasta, o astro do reggae foi o responsável por espalhar a ideologia de vida pelo mundo, segundo o último levantamento mais de 1 milhão de pessoas são adeptas da ideologia Rastafari pelo globo.

O movimento rastafari surgiu na Jamaica, nos anos 20, pelos escravos e descendentes de negros com o objetivo de união da raça negra e uma vida simples. Jah Rastafari é a divindade máxima do movimento rasta, é ele o responsável por guiar e instruir os caminhos de cada devoto. Os rastafáris acreditam que Jah reencarnou no séc XX personificado no último imperador etíope, Haile Selassie. Haile foi um grande defensor da religião e do povo Etíope, chamado pelo povo de Cristo Negro. Atualmente o movimento Rastafari é dividido em três vertentes a Ordem Boboshanti, 12 tribos de Israel e a ordem Nayambing.

Os costumes Rastafaris e a Bíblia

Conhecidos por viver uma vida simples, muitas vezes isoladas do sistema capitalista, os rastas utilizam as palavras de Levíticos, na bíblia, como referência para sua alimentação.

“Tudo o que não tem barbatanas ou escamas, nas águas, será para vós abominação.”

“Melhor é a comida de ervas, onde há amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio.”

A dieta é à base de frutos e vegetais, a ingestão de animais mortos é terminantemente proibida, por se tratar de um animal morto os rastas acreditam que não há uma energia boa naquele alimento, assim influenciando no seu bem estar diário. Uma curiosidade é que quando um Rastafári se corta e o sangue é derramado, ele se torna impuro, não podendo mais cumprir com as suas funções no dia a dia, nem cozinhar. Muitos dos seguidores não visitam médicos e nem tomam qualquer tipo de medicação, em vários depoimentos dos rastas o discurso se repete:

“A cura não está no médico, não estão nos remédios e sim, na natureza”

Enquanto o mundo tenta descobrir como o mundo é por fora, o rasta precisa encontrar sua própria verdade, encarando a vida de dentro.

Os dreads: a coroa do Rastafári.

“Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba.”

Em um documentário produzido pela TV Comunidade um membro de uma vila Rasta da Jamaica comenta que os dreads são como se fosse as coroas dos Rastafaris, faz parte da identidade de cada um. O cabelo também representa a força de forma natural, tem haver com uma herança dos antepassados como Sansão, que era conhecido pela força nos cabelos e também uma inspiração nos 12 apóstolos de Jeová. Há uma citação em Levíticos 19:27 que também explica os dreads nos rastas:

A polêmica erva

O culto a erva pelos rastas é uma forma de sacramento religioso, através dela cria-se um portal de ligação entre a pessoa e a divindade. A erva deve ser cultuada no íntimo de cada Rasta, é terminantemente proibida a utilização da erva sem um propósito definido, outra proibição curiosa é utilização da Erva em público.

Apesar do pré-conceitos que envolvem a modo de vida rastafaris, a maconha, tem sim, uma função terapêutica, medicinal e religiosa para os rastas. A esperança de um mundo melhor e a positividade do rastafari são admiráveis e devem ser propagadas pelas outras religiões do globo.

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